01/11/2009

.


se a lua resolve me visitar


ao invés de nela me buscar


o calor aquece e o frio também


e tudo serve para agilizar em redor


do encontro inesperado


que se quer pra ficar

10/10/2009


Regresso a casa

De volta às caminhadas nocturnas

aos vazios plenos, à musicalidade do silêncio

pelas ruas sem mácula, iludido

por calmas triviais e secretamente

planeando mudar o mundo por ti

29/09/2009

vindo de lá


lá onde o fogo arde,


onde julguei caminhar


à superficie, sabendo-te tarde


de mais num sabor invulgar


vindo lá de onde




a semente ainda nasce


sem o vento cessar


onde saber saborear


é viver na minha aldeia


mas o mar, inundou meus pés


envolveu-me em chamas


para lá, onde


zéfiro ateia movendo o carvão


«eu vi e agarrei»

10/09/2009

abraço-Te

Ontem o Sol sorriu ao despertar
tarde. E em boa-hora apareceu,
atou-nos as mãos e enrolou-se em forma de nós
quentes e serenos, sorrindo ao céu
eu sou mais tu quanto tu mais eu, e arde
por querer Luas gémeas.

03/09/2009

escreVendo por detrás*

Hoje apetece-me escreVer,
limpar o quarto e desarrumar tudo, numa mescla
de caos em lencóis lavados.
Quem eu sou, aprender...

Registar as portadas abertas ao vento
a Lua cheia, demasiada gente
vive nela, neste momento
quer ser só, beber da solidão aparente

um raro trago de prazer
inicia a seita do sentir,
que amarga sua boca nostálgica,
pois tal luz, parece ser

visível quanto trágica,
sendo bela sem se ouvir.

24/08/2009

"Open the book for the cosmic love"

Eis que ela flui
percorrendo a distância,
a massa metamorfose, invejo-a

seu silencioso momento
é fumo pairando entre as estrelas
numa mágica de fundo, bailando
flui opaca névoa

assumindo todas as formas
e troça-me, impaciente
teço fios de pensamento

Xamã! Só, no teu amor,
na paixão inconsistente
apreciada

nesta matéria não sou nada
desejo-a
invejo-a
metamorfose imaculada


O título é uma referência aos Blasted Mechanism.

23/08/2009

Terror de te amar








Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo




Mal de te amar neste lugar de imperfeição


Onde tudo nos quebra e emudece


Onde tudo nos mente e nos separa




17/08/2009

Terra-do-Nunca-é-Demais

I love you, the best
better than all the rest
I love you, the best
better than all the rest
That I meet in the summer
Indian summer
That I meet in the summer
Indian summer
I love you, the best
better than all the rest

Hear
the lizard King
he sees everything

31/07/2009

Não tenho ambições nem desejos


Não tenho ambições nem desejos.

ser poeta não é uma ambição minha.

É a minha maneira de estar sozinho.

...


ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz

E corre um silêncio pela erva fora.

...

Porque quem ama nunca sabe o que ama

Nem sabe porque ama, nem sabe o que é amar...


Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...

Por isso a minha aldeia é tão grande quanto outra terra qualquer,

Porque eu sou do tamanho do que vejo

E não do tamanho da minha altura...

...


A mim ensinou-me tudo.

Ensinou-me a olhar para as coisas.

Aponta-me todas as coisas que há nas flores.

Mostra-me como as pedras são engraçadas

Quando a gente as tem na mão

e olha devagar para elas.

13/06/2009

Interrupção marcada para as 12:00AM PDT on Monday (6/14).

Então e se me apetecer hoje catadupa?
Catadupa, pois bem. Ca-Ta-Du-Pa's de bons dias para voçês também com interrupções marcadas em horas escolhidas previamente acordadas para ser agendadas. Isso faz tanto sentido como esta frase.

E, se.
Simplesmente e, se?
Se eu sentir a magia a escorrer-me pelos dedos, se eu me esvair em cosmos de tintas e vos quiser para ver, se nesse momento, nesse domingo à tarde eu quiser estar cá.
Como faço?
Hoje dois é multidão, em mim vive uma tribo solta de nativos de sei-lá-d-onde capaz das mais grotescas formas de sentir o chamamento.
Interrupção? NÃO.
Se me apetecer falar com todos eles até domingo à tarde como fruirá essa comunicação?
"Domingo à tarde", o mote da sardin-on-carvon09 está tão perto que o conceito passa a estória. Eu vivi lá, no "domingo à tarde"! tenho a pulseira, comi, bebi e agora?
a partir do meio-dia começa o domingo à tarde! *brilhando quando todos foram dormir.
(é o que dá as interrupções!)

30/04/2009

sabes...


Sei tanto se pensares em calão
Sou tanto quanto sinto se fores sensível

buscando tua luz Seduzo
tanto como sem espanto o sorriso seduz


se te farei sonhar?
teu peito arderá de cruel ansiedade
tu és musa mimada
e eu
teu espelho
vesti tua pele.

23/03/2009

old-thoughts-new-resolutions

Re-observo ou analiso?
Vejo e concluo mas nada deduzo, nada
deve permanecer…
Duro trabalho da alma, o de carregar o poeta.
Em páginas escrito
pelos olhos descrito
O vazio da existência.





2005

25/02/2009

Cósmiquices

"By the power invested in me as God of my own world" - Natural Born Killers

O Universo é vasto, é algo enorme, todos sabem disso. Quando algo é Universal (non corporative) fala-se da capacidade de todos daí retirarem o mesmo sentido, resultado ou compreensão. Pois, o que é Universal?

O Universal só o é quando fora de si mesmo, logo aí, já perdeu a sua própria Universalidade. A não ser que... O Universal pressuponha a constante alteração do espaço(-tempo).
A visão artística, aquela centelha que consome pessoas e as suas vidas é a nossa melhor tentativa de Universalidade, é o propagar de signos que proporcionem ao Outro a clara percepção do nosso Universo, daquele Universo ou da ausência dele. Ora, essa ponte facilitadora do entendimento dos Universos é fixada por uma centelha antiga, ultrapassada mas ainda assim verdadeira. É o artista que concebe Universos, o delinquente primordial que ultrapassa as barreiras e escolhe os signos. Ainda assim, os signos estão aí e tão mal aproveitados.

O Universo no teu olhar
é fascínio sem lascívia
entendimento brusco sem inteligível
é saudade pronta a matar-me

perplexidade
incompreensão
palavras movidas a carvão
numa Universalidade
desse teu ar...

24/02/2009

SweetTheArt



Morrer como quem desperta
saber que a nossa vida
presente
é somente uma veloz passagem numa chama bailarina
em sucessão brusca
Uma sucessão minimal
antes da racionalização: emoção
O homem e a emoção

Mas acordar antes de morrer
e ver os dias passar é tão só
e o mesmo A emoção com que se vive
pode matar A ausência dela
é nunca ter nascido
Nem Ser criado Criar raízes e tormentos
Nem semear paixões em danças da chuva

Ébrios e loucos esquecem
e voamos borboletas rumo à luz desconhecida
Mas tão brilhante
Mas tão brilhante
Sou já dois P’s sem augúrio de um F
Ser com ter sido estampado no que É
Poder sobre isso não apaga
o inatingível sobre-humano Futuro

Dá que fazer antes de dormir
que escrever antes de sonhar
obsessão
por ti sentir

ancoro pensamentos
de emoções
ditos momentos em arcaico
nessa brisa fugaz

há um rasto enorme de sangue de mim mesmo
de punhaladas proferidas por mil egos
acordo perdido
enquanto a lua me quiser despertarei ambíguo
e viverei morrendo ao sol



Salvador Dali,

with photograph by Phillipe Halsman (1906-1979)

Near Voluptuous Death, 1951.Halsman Estate

Black and White Avant-Garde Photo

Latvian/American Portrait Photographer

Não posso adiar o amor

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração.

18/02/2009

a3


Euforia

de risota

faltam letras

em panóplia colorida

criatividade em florescência pura

das cinzas nascida

de um malfeitoso

ego, gerado de vós em nós

à brisa uma voz

(Último testemunho: Arranjujinhos foi excomungada, exilada,

banida do grupo dos escrivonhos. Hoje morri.)

Renasce, estrela!

Reflecte em nossos corpos maculados

teu brilho incandescente. Que nos conforta

a alma e o amor pelo mundo

num abraço uno, único,

só em plenitude comungada.

Oh, Fénix!

do alto da nossa nuvem-mundo

hoje planamos sintonia...

Euforia!
por:
Julyanne Fressynet
Sara Borges
eu

Jamesonices VS Jimsonices

Alimenta o teu génio
banquete divino
letras sons imagens
conservados sem cronómetro
Ele dir-te-há o que de melhor
podes pisar no teu destino

se olhas a Lua sentes?
alimenta o teu génio
Há noite
também há luz


-----***-----

incoerente pensamento
voltarei a matar a mente
momento de raiva
primeiros passos dum infante sem futuro
presente escuro
aparente testemunho
vaZio como um punho frio
na corrente de ar que uiva
assobio uníssono ao vento

27/01/2009

"ser da terra dependente é o dilema da semente"


Porque não pisar a relva

de onde ascendemos livres

espreitando nos limites

de nossas gaiolas?


experienciando invictos

impulsos desejando voar

na plenitude auto-arquitectos

porquanto construir é pensar


mas também pisar a relva



O título é "pertença original" de Manuel Cruz.

24/01/2009

Por muito tempo achei que a ausência é falta


Por muito tempo achei que a ausência é falta.

E lastimava, ignorante, a falta.

Hoje não a lastimo.

Não há falta na ausência.

A ausência é um estar em mim.

E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,

que rio e danço e invento exclamações alegres,

porque a ausência, essa ausência assimilada,

ninguém a rouba mais de mim.
ao que acrescento: "estar só torna tudo mais fácil, não é mais que ouvires teu coração" do enorme Manel Cruz

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

- Eu faço versos como quem morre.



Um grande obrigado ao Manuel Bandeira!

05/01/2009

já agora... "mata-me outra vez"

Fala-me um pouco mais,
era tao bom ficar,
o mal é que eu ja nao sei quem eu sou...
eu nao sei se eu sou capaz
de me ouvir
Fala-me um pouco mais,
era tao bom subir,
e dar o que eu nunca dei a ninguém
sei que é bom teu travo a tudo
o que é mortal

ja... agora, mata-me outra vez
era tao bom, direi
mata-me outra vez
era tao bom, direi
mata-me outra vez
mata-me outra vez

tudo tem um fim
aqui nao ha ninguém que possa ter um mundo para dar
se um dia eu voltar
vai ser só mais uma forma de me ausentar
daquilo em que eu nao quero pensar
ja tudo teve um fim
ja que eu estou por ca
eu digo como é facil para mim
se ja nao da
sei que é bom teu travo a tudo
o que é mortal

ja agora, mata-me outra vez
era tao bom, direi
mata-me outra vez
era tao bom, direi
mata-me outra vez
mata-me outra vez
paro de andar
paro pra te ouvir
paro para ver se é bom pra mim
se é melhor do que uma vida
tao só e prenha por ninguém
vejo o k é bom dizer
paro pra te ouvir, mas foi só
para ver se o futuro é para nós
para quem tem o mesmo mal de nao saber amar
falo que pensar em mim
é cura e faz-me acordar...

...ou dormir

Fala-me um pouco mais,
era tao bom subir e dar o que eu nunca dei
a ninguém
sei que é bom teu travo a tudo
o que é mortal

ja... agora,
mata-me outra vez
era tao bom, direi
mata-me outra vez
era tao bom, direi
mata-me outra vez
Manel Cruz - Ornatos Violeta - Cão

"Homens de Princípios" ou de génio, digo eu...


Eu tenho um génio pecador que não me deixa,

Só que passeia a carne em torno da moral.

Mas na vontade com que nego a devoção dou,

Toda a magia, Todo o meu sal.

É mais exacto sendo tudo uma salada,

Na mesma veia corre amor e vontade.

Se não há carne o coração não come nada,

Pensa que é puro,

Não tem o dom de:

Pensar!

Só faz sentido tudo ser assim.

Pensar,

E ver que tudo tem o mesmo fim

Se não me atrai uma forma de sentir sou,

Pior que o bicho cão e o bode preto.

E se hoje quero alguém pago a mesma conta.

Só que na febre, Vem a doçura.

Aquele macho prima pela fala mansa,

Cuidado fêmea em seu novo affair.

Quem fala branco guarda preto sob a língua, E sente cinza.

Não tem o dom de:

Pensar!

Só faz sentido tudo ser assim.

Pensar,

E ver que tudo tem o mesmo fim.

Aquela mão,

Segue a minha mão.

Vagueia só,

Segue a condição.

Um dia sem,

Logo fico com.

Mulher é deus,

Dançar é bom.

Pensar!

Só faz sentido tudo ser assim.

Pensar,

E ver que tudo tem o mesmo fim.

Pensar!

Só faz sentido tudo ser assim.

Pensar,

E ver que tudo tem o mesmo fim.


Letra do Manel Cruz - Ornatos Violeta - Homens de Princípios - Cão

04/01/2009

ao Ocaso


...Porque não nos levantamos e gritamos? Porquê não subir um pouco na escala do absorto real dançando onde e quando quisermos. Acordo.


*

Olhar para dentro só faz sentido quando imersos nessa dimensão.

Cá fora tudo se assemelha pérfido, é. Aqui não consigo lembrar nem sentir o que dentro tanto me apela, chama que consome pensamentos.

Para onde vão as ideias geniais, serei uma locomotiva movida a carvão? Ou estarei a lançar futuros diamantes para o fogo do esquecimento?



*

As leis da física de tão semelhantes com as leis do físico desde sempre me prenderam suspenso ao metafísico. No amargo que não arreganha a boca mas antes vícia. A metafísica diz muito mas não me diz nada. A Terra poderia até ser quadrada que isso não me mudaria, ninguém muda se não quer mudar. Como se muda a vontade? Como posso mudar?

Ter de volta aquela máscara de sorriso confiante. Ainda a uso mas aos outros é invisível, até as máscaras têm dois lados, tudo parece ter.

Queria de volta esse amor, agora que tive forças para o expulsar fiquei saudável, triste e só.



*

Ao serpentear do fumo pergunto: onde foste?

Brasas queimadas lhes pergunto: de onde vieste?

Não sei quem chegou, quem partiu...

Reminiscências de um são coisas que o outro nunca viu.

O outro não lembra, projecta e enfada. É um ser estagnado para o

antigo optimismo. Sentimento pesado para o jovem rapaz

morto agora na pele do mestre que atacou.


*

Arde chama o teu nome no meu pensamento

Consome mais que o ar de fora e de dentro

Agora é algo que não sei entender Agora

é passado de ainda agora

agora está a passar-se agora está a suceder

Agora é um portal do tempo

é tão genial que o recebi em déjà vu

Agora é trágico e triste pois não sei onde o meter


*


de olhos fechados por simpatia alheia


*


Softly driven by a simple look

often awaken by the right touch

he makes his dance

being one with Earth


*

Pictóricas linhas rectas secas dramáticas ou não geométricas surreais incidentes espectrais de cores na mão flores tracejadas florestas extasiadas num amor de carvão palavras desmesuradas por simples letras ornamentadas brilhando-nos de antemão.


*

Quero explodir nebulosa ascendente

varrendo a minha existência

não tenho carne para ser gente

nem peso de alma na consciência

Tenho fúrias que não explodem

e confusões que não morrem sem explodir...

02/01/2009

"brisa irreverente"

na louca imensidão do mermúrio
demente deparamo-nos de súbito
entre sonhar e não dormir
apelo insano a uma brisa irreverente
da distância
entre o quente e o frio de uma manhã de Inverno
nuvens de cadernos esculpidos a fio
nas visões geniais por pura arrogância
saboreando eterno regresso ao inicio
nas areias dissipa-se o xamã
numa brisa irreverente
por instância nesse segundo eterno
em que nos assemelhamos
a um animal ferido
abraçado na imensidão
de perceber que quem É
e o que quer?
já fora escrito de antemão
que do tamanho do mundo
é a nossa interpretação de tudo
filtrada pela perspectiva à luz matinal
um arrepio que revela um rosto sorridente
brilhando de volta ao sol
por uma brisa irreverente
8.04h - 3 Jan 2009