08/05/2008

Soneto


Enquanto fores lua serei homem

imortal na graça de pensador

aprenderei a controlar o amor

e estes pensamentos que o consomem


E nessa tua condição de lua

uma só pergunta te farei:

algum dia saberei

ser tão meu como tu és tua?


Deambulo paro continuo

em movimentos sub-reptícios

de alma no bolso da camisa de algodão


Grito-te a loucura que possuo

porquanto pensamentos são vícios

e só me contenta a tua mão

07/05/2008

Canibalismo & Soneto do Amor

"Canibalismo" de S. Dali




Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.


Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.


E em duas bocas uma língua..., - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.

Depois... - abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!


José Régio in Soneto de Amor